Em uma solenidade marcada por homenagens, o Ministério Público de Sergipe inaugurou, nesta terça-feira, 17, a Sala de Acolhimento às Vítimas ‘Professora Caroline Hardman’, localizada no Fórum Gumersindo Bessa, em Aracaju. O nome da sala é uma deferência à professora que foi vítima de feminicídio, em maio deste ano, e marca o início de um acolhimento humanizado e integral às vítimas diretas e indiretas em situação de vulnerabilidade na unidade do Poder Judiciário.
A iniciativa, que segue as diretrizes da Resolução nº 243/2021 do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), contou com a parceria do MP sergipano e do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe (TJSE), e foi executada pela Coordenadoria de Apoio às Vítimas (Coavit). O novo espaço conta com uma equipe multidisciplinar composta por profissionais das áreas de Direito, Psicologia e Assistência Social, oferecendo atendimento humanizado, orientação jurídica e encaminhamento às redes de cuidado e proteção social.
O Procurador-Geral de Justiça, Nilzir Soares Vieira Junior, lembrou que a idealização da Sala de Acolhimento às Vítimas nasceu na gestão do seu antecessor, o então PGJ Manoel Cabral Machado Neto, e afirmou que a sala é um significativo passo para que a vítima deixe de ser encarada apenas como um meio de prova e passe a ser reconhecida como sujeito de direitos, merecendo a atenção e o olhar especial do Estado. “Estamos celebrando a inauguração dessa sala como um momento de transformação. A vítima, que por muito tempo foi apenas informante do Estado, agora é acolhida como um ser humano, com dignidade e direitos a serem protegidos. Esse é um primeiro passo, fruto da parceria imprescindível com o Tribunal de Justiça e do esforço da Coordenadoria de Apoio às Vítimas do Ministério Público de Sergipe”, destacou o PGJ.
O Presidente do TJSE, o Desembargador Ricardo Múcio Santana de Abreu Lima, reiterou a relevância da iniciativa e da parceria entre as instituições. “A sala de acolhimento contribui para que as vítimas se sintam seguras e amparadas. Além disso, ao se estabelecer um ambiente mais humanizado e menos intimidante, reduz o sofrimento psicológico que muitas vezes é agravado pelo medo e pela angústia de se encontrarem no tribunal no mesmo espaço com aquele que lhe causou o dano, o que favorece a confiança na justiça. Portanto essa é uma iniciativa que não apenas visa o apoio psicológico, mas um avanço na construção do sistema de justiça mais inclusivo e sensível às necessidades das vítimas”, refletiu.
> Coavit
A iniciativa pioneira no Fórum Gumersindo Bessa é um embrião de um projeto mais amplo. O objetivo do MP sergipano, por meio da Coavit, é expandir essa política para outros fóruns do estado, adequando espaços e estruturas para garantir um atendimento mais humanizado e eficaz às vítimas. “Essa sala é apenas o início. A ideia é que outros espaços do Poder Judiciário e até do Poder Executivo possam implementar ambientes apropriados para acolher as vítimas de forma diferenciada, garantindo a elas a atenção e o respeito que merecem”, explicou o Diretor da Coavit, Rogério Ferreira.
Rogério Ferreira destacou, ainda, que o conceito de vítima adotado pelo MPSE é amplo e abrange não apenas quem sofreu diretamente a ação criminosa, mas também aqueles afetados indiretamente, como familiares e dependentes.
> Homenagem à Professora Caroline Hardman
Durante o discurso, o Promotor de Justiça Rogério Ferreira explicou que a homenagem à Professora Caroline Hardman parte da ideia de transformar o local em um símbolo de luta para proteger outras vítimas da violência. A família da educadora esteve presente na inauguração e expressou emoção e gratidão pela homenagem.
“Esse espaço não leva apenas o nome da minha cunhada, mas carrega a memória dela e a missão de ajudar muitas famílias e pessoas que passaram pelo que ela passou. Isso nos emociona e nos deixa gratos, porque a Carol sempre foi alguém que ajudava o próximo e cuidava com amor”, destacou Brenda Hardman, cunhada da homenageada.
Durante a inauguração, os familiares de Caroline Hardman receberam uma ‘Rosa Eterna’ da Coavit em lembrança à trajetória da educadora.
> Decoração e humanização do espaço
O projeto da Sala de Acolhimento às Vítimas ‘Professora Caroline Hardman’ foi desenvolvido pela Professora Camila de Castro e por alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Estácio, com um olhar sensível e um compromisso com a humanização dos espaços. De acordo com a Professora, que coordenou toda execução do projeto, a proposta vai além de um ambiente funcional: “ela foi concebida para oferecer acolhimento físico e emocional às vítimas, especialmente ao público feminino e mulheres trans, por meio de um design pensado para transmitir segurança, conforto e pertencimento. Cada elemento, desde a disposição ergonômica do mobiliário até a paleta de cores suaves, reflete uma atenção detalhada à experiência do usuário, promovendo bem-estar e harmonia em momentos de extrema fragilidade”, frisou.
Inspirado pela cultura sergipana, o projeto incorpora elementos regionais, com texturas, tons e grafismos que remetem à paisagem local, valorizando a identidade e a sergipanidade. As ilustrações nas paredes trazem mensagens de força e delicadeza, com símbolos como o beija-flor, a borboleta e a onça, representando a resiliência feminina e a luta das mulheres trans. Para a professora Camila, o ambiente não é apenas um local de espera, mas um refúgio emocional que acolhe as vítimas com dignidade. “Cada detalhe foi pensado para humanizar essa experiência, oferecendo inspiração e esperança em meio às adversidades, mostrando que elas não estão sozinhas. Este espaço é um instrumento de transformação social”, destacou a docente.
Também participaram do projeto os alunos Rodrigo Gama da Fonseca, Rafaela Borges de Lima, Tainara Pereira da Silva, Marília Vilanova, Vinícius Almeida Santana, Victória Louise Noia Moura e Maria Eduarda Bomfim Souza Bispo.
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