Informação e prevenção. Esse é o intuito do Ministério Público de Sergipe ao lançar, na segunda-feira, 27, o Ciclo de Palestras “MP, Cidadania e Saúde” que trará ao longo do ano de 2020 vários assuntos que atingem a população sergipana. Os eventos são de inciativa do Centro de Apoio Operacional dos Direitos à Saúde, com o apoio da Escola Superior (ESMP), e em parceria com o Hospital Cirurgia.
“A ideia é discutir, no âmbito do MP, sobre os problemas de saúde que atingem a nossa população. Que possamos ao longo do ano trazer assuntos definidos mês a mês, pelo Ministério da Saúde, para a nossa realidade e trabalhar com outros órgãos, ONGs e com a própria sociedade a prevenção”, frisou o promotor de Justiça e diretor do CAOp da Saúde, José Rony Silva Almeida.
Os primeiros temas discutidos foram “Saúde Mental” e “Hanseníase”, que tiveram como palestrantes a médica psiquiatra Tássia Mayara Cardoso Rodrigues e o fisioterapeuta André de Oliveira Santos.
Saúde Mental
Com o tema “Mais autoconhecimento, mais saúde mental” a psiquiatra Tássia Rodrigues começou a palestra explicando porque janeiro foi escolhido como o mês para discutir sobre saúde mental. “No início do ano as pessoas traçam suas metas e projetos, então é um momento de reflexão, de pensar em si mesmo, comportamentos, relacionamentos. É o momento ideal para traçar objetivos de vida e estabelecer metas voltadas ao bem-estar, à busca do equilíbrio e aos cuidados com a saúde mental e emocional”, explicou Tássia.
Ela falou também sobre ansiedade, depressão e suicídio, principais problemas que afetam a população brasileira. “A ansiedade está crescendo em todo lugar. Mas o Brasil é campeão mundial com 18,6 milhões de pessoas sofrendo de Transtorno de Ansiedade. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país mais ansioso do mundo. Isso sem contar os casos de depressão: 5,9% da população brasileira tem depressão. A cada duas pessoas com depressão, apenas uma procura ajuda”, destacou.
“É preciso desacelerar. Essa geração já nasceu amplamente conectada e enfrenta uma avalanche de doenças psicológicas. Os jovens estão tirando a própria vida por causa disso. Devemos viver o presente e tentar ser menos imediatistas e não se cobrar tanto. O processo do autoconhecimento é essencial para a evolução e aprendizagem em diferentes áreas da vida. Quanto mais nos conhecemos mais temos condições de discernir sobre qualquer situação que a vida nos apresente. Além disso, ganhamos autonomia para bancarmos nossas escolhas e as consequentes renúncias. Fazer exercícios físicos, ter uma boa alimentação podem ajudar a manter a saúde mental em equilíbrio, mas também buscar ajuda de um profissional, sempre que necessário, gera excelentes resultados”, enfatizou a psiquiatra.
Hanseníase
Janeiro também é o mês de conscientização sobre Hanseníase, uma das doenças mais antigas do mundo. No último domingo do mês de janeiro é comemorado o Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase. Também conhecida como “lepra”, a Hanseníase é uma doença de pele infectocontagiosa, causada pelo Bacilo de Hansen, que lesiona os nervos periféricos e diminui a sensibilidade da pele. Geralmente ocasiona manchas esbranquiçadas, confundidas com “pano branco”, em áreas como mãos, pés, olhos, rosto, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas.
Com o tema “Hanseníase: identificou, tratou, curou”, o fisioterapeuta André de Oliveira, que atua no Programa Municipal de Controle da Hanseníase em Aracaju, falou sobre a doença que ainda enfrenta tabu na sociedade. “O Brasil é o 2º país do mundo com o maior número de casos de Hanseníase, segundo a OMS. Sergipe, nos últimos 5 anos, apresentou uma média de 350 casos novos em adultos e 32 casos em menores de 15 anos”, frisou.
“A hanseníase não é só uma doença na pele, ela atinge os nervos e pode causar incapacidades ou deformidades nas mãos, nos pés e nos olhos. Se não tratada, pode deixar sequelas graves. O tratamento é ofertado gratuitamente através do Ministério da Saúde, Secretaria Estadual de Saúde e Secretaria Municipal de Saúde. Quanto mais cedo for diagnosticada, maior a chance de cura”, explicou André.
Ainda segundo ele, a desinformação da população sobre doença acaba dificultando o trabalho de médicos e profissionais de saúde. Durante a palestra o fisioterapeuta falou, ainda, sobre transmissão da doença, tratamento e apresentou dados epidemiológicos de 2008 a 2017 em Sergipe.
“A discriminação da sociedade contra pessoas atingidas pela hanseníase é causada pelo desconhecimento sobre a natureza da doença, transmissão e suas formas de tratamento. Muitos nem sabem que tem cura e acham que a hanseníase se pega pelo toque. Isso acaba contribuindo para que as pessoas atingidas pela hanseníase se isolem em suas residências. O tratamento é ofertamento gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), feito na própria casa do paciente, com duração de 6 a 12 meses, por via oral, e não precisa de isolamento. A transmissão se dá pelo contato prolongado e frequente com uma pessoa infectada, que não esteja em tratamento, através do sistema respiratório superior quando ela fala, tosse ou espirra, por meio da saliva e secreções nasais”, esclareceu o fisioterapeuta.
Para o promotor de Justiça Rony Almeida, o evento foi extremamente positivo. “É preciso levar informação às pessoas. É triste ver dados mostrando jovens sofrendo por depressão e ansiedade. Nós pensamos em tudo na nossa vida e esquecemos de cuidar da nossa saúde mental, fundamental para nos manter de bem com a vida e com as pessoas ao nosso redor. É preciso erradicar a Hanseníase, divulgar as informações, para quebrar o preconceito”.
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Fotos: Celene Moraes