O Ministério Público de Sergipe – por meio da Coordenadoria de Igualdade Étnico-Racial (COPIER) e em parceria com as Secretarias Municipais de Educação de Aracaju (SEMED), Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão; além da Secretaria de Estado da Educação e do Núcleo de Estudos e Pesquisas Afrobrasileiros e Indígenas da Universidade Federal de Sergipe (NEABI/UFS) – promoveu o segundo momento do projeto Ilé-Iwé*. Foram ofertadas e preenchidas 120 vagas.
Idealizado pela SEMED, através das Coordenadorias de Arte-Educação (COARTE) e de Políticas Educacionais para a Diversidade (COPED) do Departamento de Educação Básica (DEB), o Ilé-Iwé tem o objetivo de oferecer formação continuada em educação para as relações étnico-raciais a coordenadores pedagógicos e professores.
O primeiro momento do Projeto foi o “Xirê”, realizado em maio. Agora, com tema o “Quilombo – Afrobetização para uma educação preta”, foram abordados os seguintes eixos: “Práticas Educativas nas Organizações Sociais, Terreiros e Quilombos: Sucessos e Insucessos” e “Práticas Pedagógicas nas Escolas: Sucessos e Insucessos”. Os inscritos reuniram-se em quatro subgrupos: dois para discutir o primeiro eixo e outros dois para discutir o segundo eixo. A coordenadora de políticas educacionais para a diversidade da SEMED, Maíra Ielena, frisou que o projeto foi pensando em cinco momentos distintos. “O primeiro foi de sensibilização para com os problemas e as discriminações por que passam a população negra. Naquela ocasião nós discutimos, por exemplo, o espaço social da mulher negra no Brasil e o extermínio da juventude negra, entre outras questões. Neste segundo momento, começamos a aprofundar, com discussões sobre práticas educativas e projetos pedagógicos”, disse.
“Esse diálogo entre as estruturas de Estado e a sociedade civil é de fundamental importância para entender o que acontece como prática educativa nesses espaços. Só assim, entendendo as reais demandas, poderemos propor uma nova forma de educação que reconheça de fato o protagonismo desses sujeitos na escola”, afirmou a ialaxé Marta Sales, uma das facilitadoras do encontro. Já o professor Rivaldinho, da SEMED, que também milita no movimento negro, explicou que os saberes produzidos nos ambientes formais de ensino têm forte conexão com aqueles construídos pelas organizações sociais. “Os movimentos têm métodos próprios para o repasse do saber. Grupos de capoeira, de música ou de teatro têm uma forma de repassar o conhecimento despertando prazer, o que é mais interessante. A gente percebe que as escolas, em regra, perderam essa capacidade”, salientou o professor. Para ele, as metodologias mais “tradicionais” e inflexíveis geram evasão escolar e deficiências de aprendizagem. “As pessoas não querem aprender por causa dos métodos. Aqui, nós podemos buscar alternativas para conectar esses dois universos”, finalizou.
O próximo encontro será em setembro, para que os participantes compartilhem entre si aquilo que conseguiram implementar.
*Ilé-Iwé é um termo Iorubá, língua de origem africana, que significa “escola”.
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Fotos: Hebert Ferreira